Disciplina...

Encontrei três amigos no shopping (se é que podemos chamar de shopping), felizes da vida dizendo que estavam de disciplina. O motivo pelo qual se encontram nesta situação é o menos importante, provavelmente será motivo de risos daqui a alguns anos.
Vamos nos ater a esse expediente que muitas igrejas estão utilizando para punir, repreender, tratar , sei lá , expressar que está “tliste” com a atitude de um de seus membros.
Meu nobre amigo baiano preconiza que disciplina foi uma saída para as igrejas darem resposta aos moralistas de plantão sem perder o dízimo do disciplinado. Não concordo na íntegra, mas em alguns casos mesmo que subliminarmente a coisa caminha nesta tocada.
A disciplina veio também com uma tardia adequação do ensinamento da exclusão pregado por Paulo, mal interpretado durante décadas, em termos práticos; ocorria assim, as igrejas tinham uma lista de pecadinhos e pecadões, sendo os pecadões punidos com a exclusão do rol de membros. Minha mãe por exemplo, na sua juventude foi excluída por que foi ao cinema; já na minha adolescência pecadão era fornicação (comer o lanche antes do recreio), mas só se expulsavam as meninas que materializavam a prova do crime, isto é aquele barrigão, em geral quando apresentavam o bebê já estavam reconciliadas. Mas por que este rito? Para dar resposta aos fariseus. Nesta época ninguém lembrou que os pecados são perdoados “just in time”, e lançados no mar do esquecimento, mas a igreja fazia questão de guardar em ata, para nunca mais ser esquecido. Quando Paulo falou em retirar tomates podres, se reportava àqueles que ensinavam falsa doutrina, em hipótese nenhuma àqueles que não resistiram e pecaram.

Primeira posição: Sou contra a exclusão de quaisquer pecadores (inclusive eu mesmo) que não se enquadrem no parágrafo acima.
Segunda posição: Sou contra ações que sejam de caráter punitivo.
Explico: De que adianta colocar em disciplina, se os disciplinados estão se lixando? Logo se não há dor (no sentido mais amplo da palavra) não há punição. É como aplicar uma multa de R$ 100,00 no Silvio Santos, Davi quando ia dar uma oferta dizia ao Senhor; “- Eu quero dar alguma coisa que me faça falta!”, ele tava ligado que dar uma jarra de ouro ou um cabrito não ia nem coçar seu bolso, por isso na maioria das vezes ele entregava seu orgulho.
Mas voltando a nossa vaca-fria, a questão está em eficácia, me perdoem usar o termo de administração, mas é preciso fazer alguma coisa que tenha eficácia, que produza efeitos na vida de quem pisa na bola. A gente parou de bater em crianças por que? Porque não adianta, eles 10 minutos depois já estão fazendo a mesma coisa, e nem lembram por que apanharam...
Vai ser a mesma coisa com este esquema de disciplina. Recordo-me de algumas vezes que Jesus tratou pessoas com pecado, a mulher adúltera, Zaqueu, tirando os vendedores do templo, todos foram tratados com amor, já escrevi isso antes, (e sei que falo pro vazio) é preciso conversar com a galera , estar junto, dar exemplo, mostrar o que é certo. Esse negócio de punição 10 ave-maria , 6 Pai-nosso, penitencia , auto-fragelo é coisa de católico, faça-me o favor...Mas é mais fácil do alto de nossa magnitude aplicar estes castiguinhos proporcionais a pecadinhos .
Mas o que fazer então com condutas reprováveis? Que tal dizer olho-no-olho, o que está errado, as implicações e resultados de uma vida distante do foco, orar junto e pedir sabedoria. É o máximo que conseguiremos, quem prova que a mulher foi e não pecou mais?
Na foto acima eu estava em disciplina, mas quem me colocou foi a Nancy....